Autor: Arthur Ferrari
02 de agosto de 2024
Neste artigo, gostaria de entrar em outro aspecto que compõe uma das obrigações da aristocracia: ser um norte e uma força moral para seus súditos.
O aristocrata, no sentido aristotélico de ser o mais capaz, além do dever de ter uma força moral que guie seus atos, tem que repassar esta força moral aos seus súditos, e essa força moral é algo que o homem moderno não consegue compreender, pois lhe foi retirado esse entendimento e esta realidade na prática. Foi imputado no homem moderno que a força moral, comprometimento, busca por virtude, pulso firme, buscar o aprimoramento constante, são sinônimos de algum “ismo” ou “fobia” ou propriamente elitismo. Contudo, para atingir as qualidades anteriormente descritas é necessário esforço, e a modernidade afeminou os homens em especial, trazendo demasiado conforto aos mesmos.
É da natureza, posto, e até um dever metafísico do monarca ser a força e norte moral de seu povo, pois é não apenas seu dever como o mais capacitado, como é o seu dever como pai da nação, o povo recorre ao monarca e às suas imagens e essências como uma forma de nortear suas vidas. Nos dias de hoje, é possível ter acesso às biografias e aos diários dos grandes homens da história e buscar em suas palavras inspirações e direções. O monarca tem o dever de transformar todo o aprendizado que teve, seja cultural, religioso, moral, militar, acadêmico e afins, e repassar aos seus súditos, ele deve viver as virtudes em sua vida particular e assim, através de seu próprio exemplo, nortear toda a nação.
No caso do Brasil, temos Dom Pedro II. Uma fonte primária para estudo acerca da vida de nosso maior expoente do Brasil pós 1822 são seus próprios diários, e, lendo os mesmos, percebe-se que Dom Pedro II sabia que seus feitos seriam revisitados no futuro, então seus diários são um diálogo atemporal. Durante o Surto de Cólera de 1854, Dom Pedro II se juntava aos médicos para visitar os enfermos, o mesmo também visitava as escolas e nela encontrava talentos como Pedro Américo; apesar de ter cometido erros, Dom Pedro II era para o povo brasileiro o pai da nação, assim como Dom Pedro I e Dom João VI também o foram, Dom Pedro II buscava estar junto do povo e entender suas aflições, e não se isolando no centro do país em uma cidade com planejamento soviético que busca isolar os políticos do povo, como nos dias de hoje. No Brasil, vive-se uma carência de líderes e propriamente da monarquia, isso reflete em messianismo político (nota pessoal do autor: eu credito meu amigo Edson por ter dado o pontapé inicial para entender essa carência), as forças secretas da revolução entendem a funcionalidade desta carência e a utilizam para escravizar o povo, e ao invés de vender valores morais, culturais e metafísicos elevados, imputam através de terrorismo psicológico o exato oposto.
E como os grupos de restauração e resgate cultural podem ajudar nesta questão? Procurando as biografias, os próprios escritos, livros e artigos dedicados sobre as vidas de grandes homens e monarcas da história, reeditando em casos necessários e os propagando através de seus movimentos de militância tanto de base quanto acadêmica, e os professores podem ajudar utilizando as biografias como fontes de estudo e pesquisa para as aulas, tanto como material obrigatório quanto sugestões de leitura.
Também é necessário uma mudança de mentalidade acerca de fortaleza moral, tirar o estigma que a modernidade colocou na questão monárquica e na ligação da mesma com essa fortaleza moral. As dificuldades que um monarca enfrenta em seu tempo moldam a forma dos mesmos de pensarem. Infelizmente vivemos em um mundo de facilidades, mas as dificuldades são muitas vezes catalisadores de virtudes, ao mesmo passo que podem ser catalisadoras da ruína e dos vícios, o resgate desta força moral da figura do monarca em médio e longo prazo pode moldar a mente do homem para aceitar novamente o entendimento positivo desta fortaleza moral.