Autor: arthur ferrari
Algo que se perdeu no ensino dos dias de hoje, resultado de uma série de eventos em cadeia que começou com o desvinculamento da educação em relação à Igreja, é uma parte deste dedicada à formação moral. O dever de educar o homem cabe aos pais, mas quando o aluno chega à escola ele é bombardeado por diversas ideologias e “duplipensares” propositalmente confusos; em um sistema criado por chacais e hienas, voltado a criar ovelhas que aceitam calmamente o abate, o ensinamento da virtude não tem seu espaço.
Aqui gostaria de abrir a discussão sobre esta questão e contar uma experiência própria enquanto atuava como professor de ensino médio: primeiro de tudo, o MEC tem que acabar, e todo o sistema educacional refeito; o próximo problema a ser enfrentado é essa animalização proposital do homem através de baixa cultura, manipulação midiática, hiperssexualização e uma sistemática perseguição feita através de terrorismo psicológico dos que buscam sair destas algemas e buscam ser pessoas melhores. Algo que deve ser resgatado no jovem é que ele entenda que ser virtuoso, que seguir o caminho correto, requer muito esforço, e o jovem mediano quer apenas as facilidades, sendo que estas a longo prazo podem causar danos irreversíveis.
Onde entra o ensino da virtude e qual sua necessidade? Primeiro de tudo fazer-se entender que a existência do vício (no sentido de ser antônimo à virtude), entender o que são atitudes virtuosas e atitudes viciosas, e fazer com que os alunos reflitam acerca disso. De início pode parecer que não funcionou, mas isso é algo a se observar a médio e longo prazo; o aluno mediano pode não ter dado tanta importância ao que foi ensinado ou transmitido através de textos, mas ele leu o texto, querendo ou não ele estava na sala de aula na hora do ensinamento, e aquilo de alguma forma ficou marcado na mente dele, como se uma semente fosse plantada.
De onde retiraremos as questões acerca de virtude? Começando por Aristóteles em “Arte Retórica”: temperança, coragem, justiça, sabedoria, magnificência, magnanimidade, mansidão, liberalidade e prudência; e completamos com os ensinamentos dos Doutores da Igreja, com as considerações de Santo Agostinho, Alcuíno de York e São Tomás de Aquino, e completamos com exemplos históricos de cada uma destas virtudes, com guerreiros, monarcas, santos e escolásticos. O objetivo geral da introdução da questão da virtude e do vício é justamente fazer com que o jovem reflita, que transcenda a questão de se render aos vícios por causa de aceitação social; a mente do jovem é curiosa por natureza, então devemos plantar boas sementes que se convertam em curiosidade sádia e moral, fazer com que eles entendam quais destas virtudes lhes seriam mais importantes em cada momento de suas vidas.
O professor dedicado deve achar estas brechas no sistema de ensino, fugir deste ideal doutrinador e perverso, aos poucos fazer um resgate do máximo de alunos que puder, utilizar os espaços plausíveis para introduzir estas questões reflexivas, voltar a fomentar nos alunos um ideal de engrandecimento, de virtude, e fazer com que entendam que o mundo tentará jogá-los ao chão, que entendam que o mundo atentará contra eles apresentando os vícios, e que eles devem saber o que é a virtude para praticá-la, e o mais importante: que o esforço no fim valerá a pena, pode não ter retorno imediato, mas a médio e longo prazo terá, e a recompensa será dada no Reino dos Céus.