Autor: arthur ferrari
Ao ouvir o termo elite/alta cultura muitas das pessoas presas ao medo de termos iriam prontamente recusar essa ideia, pois elas teriam repulsa do mesmo. A necessidade de uma elite cultural vai além de criar ou restaurar uma alta cultura.
Gostaria de citar o exemplo do monarca: o próprio dever de governar torna uma obrigação do monarca buscar ser a melhor versão de si. Isso se reflete na questão cultural, pois a política e sociedade de um país estão diretamente ligadas ao fator cultural: se você tem uma cultura decente, você tem uma política e uma sociedade decentes, e vice e versa. É impossível aspirar uma boa sociedade onde se coloca em pé de igualdade uma sinfonia de Beethoven, que tem como objetivo esta perfeição que busca elevar o homem, com um funk criado por um mc qualquer que rebaixa e animaliza o homem.
Portanto, o que seria esta alta cultura? Seria esta alta cultura que estimula com que a sociedade busque as virtudes e se aprimore, seria um retorno de um ideal artístico que busca a perfeição estética e técnica, e através da literatura, pintura, música, e outros meios, elevar o valor de uma nação; a riqueza de um país não se mede apenas em questões monetárias nominais, se mede também em questões culturais. O elitismo cultural seria alicerce uma aristocracia cultural, que é o total oposto de uma burguesia cultural: a aristocracia cultural busca elevar a cultura de forma natural e orgânica porque é o dever e obrigação dela, a burguesia cultural molda a cultura conforme suas necessidades financeiras ou conforme as suas pautas ideológicas subversivas e revolucionárias.
Há aqui dois meios de ação para a composição de uma alta cultural: pela iniciativa privada e pelo incentivo estatal. A iniciativa privada iria incentivar com dinheiro do próprio bolso, mas ficará sujeita ao que foi dito no parágrafo anterior, à mercê da ideologia do empresário ou de seus lucros. O incentivo estatal seria dado através de subsídios como, por exemplo, leis e ministérios, mas pode se tornar alvo de aparelhamento político ideológico e utilizado para propagação de cultura degenerada. Então apresentamos um terceiro meio: iniciativas de pequenos grupos no resgate, produção, restauração e formação de aristocracias culturais, que utilizariam seus próprios meios para realizar trabalho de base, agindo em suas localidades, escolas, comunidades, paróquias e afins, assim como faz a Legião.
O elitismo cultural no Brasil resgataria todo o nosso arcabouço cultural e histórico especialmente pré 1922, e durante nosso período imperial onde houve a construção da identidade nacional e cultural brasileira, bebendo também da herança deixada por Portugal, e do nosso período como território ultramarino português. Nossos períodos mais expressivos foram os períodos do barroco, um pouco do clássico e do arcadismo, o romantismo (o mais forte deles, ocorrendo simultaneamente na literatura, música e pintura), e o realismo, são relatos e vestígios de nossa história que devem ser resgatados para lembrar ao brasileiro de sua origem, cultura e missão.
Este elitismo cultural fará uma frente de combate direta ao movimento de degeneração e animalização cultural que ocorre não só no Brasil como no mundo, principalmente para uma recuperação em médio prazo e uma restauração em longo prazo, além é claro, do resgate histórico e cultural de nosso país, para que haja uma âncora onde pessoas se inspirem à buscar bases sólidas para a reconstrução da civilização, fazer uma antiga ordem se reerguer em meio ao caos.