Autor: Arthur Ferrari
27 de julho de 2024
Eu defino em meu livro “Breve História das Monarquias Ocidentais Parte 1: anos 600 a 1500” na página 19 (na segunda edição aprimorada publicada provisoriamente na Hotmart e na UICLAP sendo páginas 14 e 15) que consiste em cultura monárquica todos os escritos sobre monarquias, considerações sobre filósofos acerca do tema, características particulares, obras literárias, e até os memes, produzidas acerca da monarquia. E, como fomos monarquia por 389 anos, o Brasil não deixa de ter sua cultura monárquica.
A cultura monárquica brasileira se representa pelas pinturas de nossos momentos históricos e de nossas belezas naturais, especialmente as feitas por pintores brasileiros; nossa música, durante grande parte de nossa história monárquica, seguiu a estética barroca, herança direta de Portugal e Espanha, e produzimos gênios como Manuel dias de Oliveira; e nossa literatura representava nossa sociedade e suas relações, sejam elas em quais esferas forem. Não tem como entender a história do Brasil Imperial sem ter contato com nossa cultura literária e artística, que necessariamente compõe nossa cultura monárquica, o próprio termo cultura monárquica pode ser um novo horizonte de análises historiográficas.
Para entender também uma forma de analisar a história, considere três linhas que se completam: um fator metafísico, uma continuidade histórica e por fim o “plano material”, para ter um entendimento mais conciso e mais correto acerca da história, especialmente das monarquias, deve-se fazer a leitura histórica considerando estas três linhas, e não só o plano material. Um dos principais pontos de nossa cultura monárquica é justamente nosso Mito Fundador, que está diretamente ligado a um fator metafísico: A Terra Prometida de Hy-Brasil.
Primeiro temos que ter em mente que a nossa base cultural, nossa fundação, é ocidental ibérica, fundada sobre as três bases da civilização ocidental: Moral Cristã, Direito Romano e Filosofia Clássica Grega, e levando em consideração toda a nossa extensão territorial, e a grande quantidade de nuances culturais presentes em nosso país, o Brasil construiu sua própria cultura monárquica.
Nossa cultura monárquica brasileira foi consolidada durante nosso período imperial, construindo a nossa identidade nacional através das artes e das produções acadêmicas, tanto considerando nossa herança ibérica (que foi alvo desde 1789 das forças secretas da revolução) e valorizando o que foi construído ao longo de 308 anos (considerando desde o descobrimento até a chegada da família imperial). O Brasil foi, a arca da aliança do antigo regime português e da monarquia tradicional, e consequentemente se tornou o palco de uma luta entre o Tradicionalismo e as forças secretas da revolução.
O ponto é entender também que o Brasil tem sim uma alta cultura, produzida durante nosso período monárquico, tanto como vice reinado quanto império independente, e faz parte do dever do monarca fomentar uma alta cultura, portanto por ser dever do monarca, consiste em cultura monárquica. Hoje em dia essa cultura vem sendo compulsoriamente substituída por uma incultura ou “não-cultura”, parte de um programa obscuro de animalização e negação histórica do brasileiro, que tem também como objetivo destruir o potencial do Brasil.
Nós herdamos a cultura monárquica luso-espanhola, nossa fundação monárquica é “descentralizada centralista”. O Brasil construiu sua própria cultura monárquica mesclando a herança de seus fundadores com o que foi criado em terras tupiniquins, nós temos nossa música, nossa literatura, nossa pintura, e nossa história de glória e luta; historiadores e cientistas políticos debatem que o Brasil começou ou em 1500 ou em 1822, quando são dois fatos que se completam, são dois fatos dentro de uma mesma continuidade histórica e que já estão inseridas em um fator metafísico: a missão do Brasil de ser a Nova Roma.